Acostumada a adoçar casamentos, batizados, chás de bebê e inaugurações de empresas com trufas e brigadeiros, a jovem empreendedora Camila Neuenfeldt, 29 anos, se viu em uma encruzilhada em plena pandemia. Há três anos, ao perceber o sucesso que os doces feitos em casa faziam entre colegas de trabalho, ela decidiu largar o emprego em uma multinacional com unidade em Blumenau para investir no próprio negócio. Tudo vinha bem até a chegada do novo coronavírus. A suspensão de eventos e festas fez com que os pedidos praticamente desaparecessem.
Como tantos outros autônomos e empresários nesta crise, Camila perdeu a principal fonte de renda e precisou se virar. E acabou encontrando na terra – e na própria origem – uma alternativa. Filha de pais agricultores, ela criou um sistema de entrega em casa das hortaliças produzidas pela família. O delivery ganhou nome meio chique, meio raiz: Made in Roça.
— Fiquei dois dias parada e já estava agoniada. Minha família sempre foi trabalhadora — conta.
A familiaridade com o campo ajudou. Camila foi criada em meio a pés de alface e brócolis e plantações de verduras e ervas. Ela mesma colhe as hortaliças porque diz que assim consegue garantir a qualidade dos pedidos. As encomendas começaram a ser feitas por amigos e vizinhos de Luiz Alves, onde a família vive. Logo o boca-boca chegou a Blumenau, Gaspar e Timbó.
Com a demanda aumentando, Camila buscou reforço. Recrutou Ana Clara da Silva, 27 anos, que estava com jornada de trabalho reduzida na empresa onde trabalhava. A amiga deixou o emprego para se dedicar ao Made in Roça e virou sócia. Hoje ela ajuda a atender os cerca de 150 pedidos feitos por semana pelas redes sociais, que são entregues às terças e sextas-feiras. Os doces não foram esquecidos e podem ser encomendados no mesmo pacote.
Os próximos passos incluem ampliar o portfólio, que hoje conta com mais de 20 tipos de folhosos. A rotina é puxada, mas Camila não reclama:
— Se você corre atrás e trabalha, dá um jeito de se reinventar. Tudo se vende. É só pegar as oportunidades e ir atrás. Não pode ter preguiça de trabalhar.
FONTE: SANTA