O barista Marcelo Ricci, do Soul Cafés & Companhias, fala sobre a escolha do café, a temperatura da água, o escaldamento dos utensílios e o tempo de infusão
Talvez você concorde que todos os dias devem começar com um café. Mas 1º de outubro tem um motivo a mais para isso: é o Dia Internacional do Café. Uma das bebidas mais consumidas no mundo, o café cresce no Brasil seguindo os preceitos da chamada terceira onda, que privilegia grãos de qualidade e valoriza toda a cadeia, do campo à xícara.
O Soul Cafés & Companhias, de Blumenau (SC), é um dos exemplos desse modelo de pensar a bebida de forma global. O barista, torrador e sócio da casa, Marcelo Ricci, traz algumas dicas para melhorar o café nosso de todos os dias sem precisar de técnicas apuradas.
1) Escolha bons cafés
O primeiro passo inicia muito antes de colocar a água para esquentar. Na hora de escolher o café, na prateleira do mercado ou no lugar onde você costuma adquirir os grãos, observe as classificações oficiais e entenda o que está por trás das chamadas de marketing. “Quando você lê termos como premium ou origem, busque entender o que eles significam e no que isso adiciona no sabor. Muitas vezes o tom de valorização do trabalho no campo não se aplica na prática”, comenta.
O ideal é que o grão seja moído logo antes do preparo. Mas, mesmo que isso não seja possível, a escolha do café faz toda a diferença. “Caso você não tenha moedor, minha sugestão é encontrar uma casa especializada em quem você confie e pedir para que o café seja moído conforme o método que vai usar para preparar: do mais simples, como o filtro de papel, aos mais sofisticados, como a Aeropress, a moagem pode interferir bastante no sabor final”, explica Marcelo.
2) Água para café
Use, preferencialmente água filtrada ou mineral. Sobre a temperatura, especialistas indicam deixar ferver, desligar o fogo e aguardar de 30 segundo a um minuto antes de iniciar o preparo do café. Se a água estiver muito quente – imediatamente após a fervura – acaba acelerando o processo de extração e aumentando o amargor da bebida.
3) Mas o café não vai esfriar rápido?
Aí está mais um segredo: escalde, sempre, os utensílios e as xícaras. “Especialmente quando os utensílios podem ter gostos residuais – filtros de papel e pano, por exemplo – isso é fundamental. Além de manter a bebida na temperatura ideal por mais tempo, também evita que esses sabores interfiram no café”, comenta o barista.
4) Não deixe o café infusionando tempo demais (e nem de menos!)
O preparo do café é uma ciência. Segundos podem mudar totalmente as características da bebida. “Ao deixar tempo de menos, a bebida acaba ficando sem personalidade. Ao deixar demais, características como o amargor se tornam muito pronunciadas, sobressaindo todos os outros sabores do café”, explica Marcelo.
Para um café de 200ml, com cerca de 12g de pó (uma colher de sopa), o tempo máximo é de quatro minutos. Os métodos que usam a pressão, como a French Press e a Aeropress, ficam com os menores tempos.
Caso você utilize os tradicionais filtros, um segredo é não usar a água para empurrar a camada de pó que fica acima do restante quando a pré-infusão é feita.
5) O café mais gostoso é o que te faz feliz
De acordo com Marcelo, o mais importante é que o café faça quem bebe feliz. “A técnica, os truques e todos os cuidados que tomamos ao extrair o sabor da bebida só fazem sentido se ele trouxer conforto para quem aprecia”, comenta. “Como estudiosos de tudo isso, claro que gostaríamos que as pessoas bebessem o café da maneira que permite que todas as notas sensoriais sejam sentidas: puro. Mas, se você bebe café com açúcar ou leite, por exemplo, e ele faz o seu dia melhor, tudo certo”, finaliza.
Mais informações estão no @soulcafesbnu.
Marina Melz
www.melz.com.br