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Eleitores de Santa Catarina irão às urnas em meio a novo pico de Covid-19

Não há mais dúvida de que Santa Catarina escala um novo pico de casos de Covid-19 neste fim de outubro. O mapa de risco vai retomando a cor laranja e, se nada for feito imediatamente, a tensão voltará em novembro a ambulatórios, UTIs de hospitais e, infelizmente, cemitérios. É angustiante o cenário que se desenha para daqui duas semanas, quando milhões irão às urnas nas Eleições 2020.​
Quatro meses atrás, época em que o pico de casos diários (na média móvel) rondava a marca de 1,5 mil no Estado, prefeituras e governo lançaram mão de medidas restritivas para impedir o colapso. Circulação de pessoas em áreas de lazer, transporte coletivo, templos religiosos, comércio, restaurantes e bares sofreram restrições, com maior ou menor impacto a depender da região. O resultado foi uma redução drástica em todos os índices.

Nesta semana, o número médio de casos diários diagnosticados em Santa Catarina ruma à casa dos 2 mil. Mas desapareceu o tom grave de outrora. Nenhum prefeito estabeleceu regras rígidas para controlar a transmissão do vírus. Até baladas estão voltando a funcionar sob a autorização do poder público.
Ninguém que dependa de voto quer arriscar. Tão eficientes quanto impopulares, medidas que promovam o isolamento social estão fora de moda nesses dias que antecedem a votação. A ordem agora, segundo a governadora Daniela Reinehr, é “isolar os doentes, e não os saudáveis”. Faria sentido caso separar uns dos outros tivesse sido prioridade algum dia no Estado.

Santa Catarina nunca estabeleceu políticas consistentes de rastreamento de contatos e testagem. Novos doentes só são descobertos quando aparecem, já sintomáticos, nas unidades de saúde. Estes são isolados desde março. Basta de platitudes.
O preço a se pagar pela contaminação eleitoral das decisões que envolvem a saúde coletiva será incalculável. No dia 15 de novembro, mesários, funcionários da Justiça Eleitoral, policiais e eleitores precisarão sair de casa por obrigação num momento de alto contágio. Será impossível garantir a segurança dos envolvidos nas seções eleitorais com milhares de casos ativos (e desconhecidos) circulando.
Nas cidades em que houver segundo turno, no dia 29 de novembro, a inércia das autoridades pode prolongar-se, projetando um clima fúnebre para o Natal. E transformando as praias catarinenses em epicentro da Covid-19 no verão.

NSCTOTAL