Blumenau passou a marca de 200 mortos por coronavírus nesta terça-feira (1º), segundo a prefeitura. Atrás da frieza dos números, há famílias enlutadas, perdas irreparáveis e uma situação delicada da pandemia na cidade, que acumula em média 343 casos diários. Para o médico infectologista Amaury Mielle, boa parte da culpa deste cenário é das autoridades, que erraram ao contar com o bom senso da população.
— Tudo o que está acontecendo é responsabilidade da gestão de saúde. Em uma pandemia os números servem para gerar ações. Não saltamos de 30 para 300 casos em um dia. O alerta foi dado e nenhuma medida foi tomada — lamenta.
Em julho, quando Blumenau viveu o primeiro pico, medidas mais rigorosas que as do Estado foram adotadas. Neste segundo, observado a partir de novembro, a prefeitura optou por seguir decisõestomadas em Florianópolis pelo comando do governo. Com a taxa de letalidade de cerca de 1%, não é difícil calcular: com 300, 400 infectados novos identificados a cada 24 horas, todos os dias de três a quatro blumenauenses são condenados à morte.
— Só quem está dentro da UTI sabe o que é a morte por coronavírus, solitária e dolorosa. Se continuar assim, cada um de nós terá uma morte por Covid-19 na família. Quem vai e já está pagando o preço é a própria população — afirma.
Mielle já havia criticado a postura dos mais jovens, que são maioria entre os contaminados e, apesar de mais resistentes às consequências do vírus, acabam transmitindo para os vulneráveis. Nas últimas semanas, imagens de bares lotados e festas cheias circularam sem nenhum pudor pelas redes sociais. Não houve, porém, nenhuma ação efetiva para combater essas aglomerações.
— Os mais jovens ficaram de saco cheio e começaram a ir a festas, encontros, baladas… Se eles não estão se conscientizando, tem de haver restrições, não há outra alternativa, tem que dificultar — avalia Mielle.
FONTE: NSC