Prefeitos e secretários municipais de saúde catarinenses reclamam da escassez de vacinas contra a Covid-19 neste início da campanha de imunização. Em uma reunião na segunda-feira (18) à noite, os 295 municípios souberam quantas doses da Coronavac receberão do Estado. Muitos não gostaram do que viram, em especial gestores de pequenos municípios.
Conforme a lista, publicada em primeira mão pela coluna, 46 cidades terão menos de 20 vacinas cada à disposição para aplicar em profissionais de saúde. Painel, na Serra, terá apenas nove doses. Em Brunópolis, no Planalto Sul, serão 10. Doutor Pedrinho, no Médio Vale do Itajaí, aguarda 11. Prefeituras de municípios mais populosos, como Gaspar, relatam que as quantidades anunciadas representam cerca de 10% do público-alvo inicial.
Durante a reunião da Comissão Intergestores Bipartite, órgão de governança do Estado em conjunto com gestores municipais de saúde, secretários manifestaram preocupação com a pressão popular por vacinas. Alguns defenderam que o governo direcionasse todas as doses disponíveis aos profissionais de saúde, para não gerar falsas expectativas nos grupos prioritários. Somente 30% dos profissionais serão contemplados agora, com duas doses cada.
Representantes dos municípios também criticaram a divulgação da campanha de vacinação, com direito a solenidade pública, em meio à escassez de doses, o que deixaria “todos os secretários de saúde numa situação difícil”.
— O discurso de Brasília e de Florianópolis é fácil, ninguém bate na porta de vocês. Aqui nós vamos levar pau — criticou um dos participantes.
Um dos mais enfáticos foi o prefeito de Cocal do Sul, Fernando de Faveri (MDB). Ele demonstrou preocupação com os profissionais em unidades de saúde que não serão contemplados nesta primeira fase:
— Vai ser um caos, vai ter gente indo na unidade de saúde. Vai ter profissional de saúde que não vai entender.
Como não há vacinas para todos, o comitê definiu que serão vacinados prioritariamente os profissionais que atendem pacientes de Covid-19 em UTIs, emergências e clínicas. Depois, profissionais do Samu, trabalhadores em instituições de longa permanência e vacinadores.
Na reunião online, representantes do Estado explicaram que o volume de doses (144 mil) enviado pelo Ministério da Saúde é muito inferior à expectativa catarinense, de 330 mil doses para esta primeira fase. O governo espera receber mais lotes quando a Anvisa aprovar o uso emergencial de outras 4,8 milhões de doses da Coronavac, produzidas no Brasil pelo Instituto Butantan, ou quando Brasília conseguir importar da Índia as 2 milhões de doses da vacina Astrazeneca/Oxford.
fonte: NSCTOTAL