“Remei como nunca antes na minha vida”, diz surfista mordido por tubarão em Navegantes
Ocorrência rara no Estado tranquiliza vítima, que tem convicção de ter sido um acidente, não ataque
O surfista que levou uma mordida de um tubarão-mangona em Navegantes neste domingo (24) conta que o susto não o fará desistir do hobby preferido dele. Wilson Gevard Júnior, 43 anos, é empresário, mora em Blumenau, mas praticamente toda semana vai ao litoral para praticar o esporte. Nessa última vez, foi surpreendido pelo animal, que acabou causando um ferimento no pé do homem.
— Foi um acidente, não um ataque. Infelizmente ele esbarrou com o meu pé. Não é uma espécie perigosa, mas na hora você só pensa em sair da água, fica com a sensação de que vai te pegar de novo. Quando ele me mordeu, eu puxei a perna e remei como nunca antes na minha vida — lembra, já conseguindo dar risada do ocorrido.
Júnior chegou à praia cedo e por volta das 8h estava no mar. Com as chuvas que castigam o Estado, a água estava mais suja que o habitual e repleta de pequenos peixes. Depois de pegar uma onda, sentou na prancha, com os pés para baixo, à espera de outra. Foi neste momento que sentiu a mordida.
O tubarão o puxou e com o susto Júnior ergueu o pé e remou sobre a prancha o mais rápido que conseguiu em direção à areia, onde havia um posto de guarda-vidas. Aos gritos de “mordeu meu pé”, foi atendido pelos amigos que estavam com ele e os socorristas.
O homem foi levado ao hospital e recebeu dois pontos. Durante dez dias deve cuidar do ferimento, que precisa ficar parcialmente aberto para cicatrização.
O atendimento para este tipo de caso é algo atípico em Santa Catarina, que não tem histórico de acidentes envolvendo tubarões. Júnior, que surfa há dez anos, garante nunca ter passado por nada parecido.
Para o pesquisador Jules Soto, do Museu Oceanográfico da Univali, em Balneário Piçarras, o animal provavelmente estava atrás de alimento e mordeu de leve o pé do surfista para ‘sondar’ do que se tratava. Esse é um comportamento típico da espécie.
Sabendo disso, Júnior não se diz preocupado com a situação e pretende voltar a surfar no mesmo lugar de sempre. O único cuidado, a partir de agora, será em dias em que a água estiver muito suja, como aconteceu neste domingo. Nesses casos os pés ficarão mais juntos à prancha, brinca o empresário.
Colo explicou a colunista Dagmara Spautz, antes de ser ameaçado de extinção pela pesca predatória, o tubarão-mangona era facilmente encontrado na costa catarinense. De acordo com o curador do Museu Oceanográfico, eles eram vistos nadando a um ou dois metros de profundidade, especialmente à noite.
Com a população praticamente dizimada, o mangona sumiu das praias catarinenses. Mas outros tubarões costumam dar o ar da graça com mais frequência – entre as espécies costeiras mais comuns estão o tubarão-anjo, o cação cola-fina, o cação-bagre e o cação bico-doce.
Vez ou outra, espécimes raros também aparecem. Em 2019, por exemplo, um anequim, conhecido como o tubarão mais rápido do mundo, surgiu na praia em Itapema.
Júnior se recupera do susto(Foto: Arquivo Pessoal)
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