Após decisão do BC, Ibovespa cai quase 2,3% e encerra o pregão abaixo de 98 mil pontos
Pela quinta vez consecutiva e na segunda reunião do ano, o Copom – Comitê de Política Monetária – decidiu pela manutenção da taxa básica de juros a 13,75%. A escolha acontece em um momento de pressão política do governo a favor da diminuição da taxa Selic. Os principais adversários nas decisões de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, e os diretores da instituição são Lula e integrantes do governo. No meio do caminho temos Fernando Haddad, ministro da Fazenda, com a difícil missão de agradar gregos e troianos com o esperado “arcabouço fiscal”.
O pacote com medidas fiscais que será proposto por Haddad tem como objetivo conquistar a maior entidade financeira do país e convencer o comitê a diminuir os juros ainda na próxima reunião. Membros do executivo afirmam que o alto patamar da Selic está insustentável e impedindo o desenvolvimento econômico do Brasil.
“Um arcabouço fiscal atraente para o mercado é um que tenha uma previsibilidade do crescimento dos gastos públicos em todas as esferas. O receio do mundo econômico é que aconteça algo como a criação de um novo teto, porém, no qual gastos com saúde, medidas sociais, educação, entre outros possam ser desconsiderados com a prerrogativa de serem “investimentos” e o controle de gastos como um todo acaba ficando frágil; não controlando as contas públicas e tendo um déficit fiscal imprevisível ”, comenta Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.
Na outra ponta, o Banco Central afirma que as expectativas de inflação para 2023 e 2024, apuradas pela pesquisa Focus, cresceram desde a primeira reunião do Copom neste ano e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente. Outro fator de alerta para o BC são os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa, essa situação elevou a incerteza e a volatilidade dos mercados e requer monitoramento.
Como resultado desse mix, o Ibovespa, em sua primeira sessão pós-Copom, registrou a maior baixa desde julho de 2022, encerrando o dia em queda de 2,29%, aos 97,926 pontos. O índice chegou a bater a mínima dos 96.997. Os papéis mais afetados no pregão de quinta-feira, 23/03, pela situação da Selic e cenário interno foram de varejo, aéreas e construtoras.
As ações da Magazine Luiza (MGLU3) lideraram as perdas no índice com um recuo de 13,37%, valendo R$3,11. No lado do setor aéreo, Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) caíram 10,08% e 8,88%, respectivamente. Para as construtoras, a maior diminuição foi registrada pela MRV (MRVE3), com 6,8% de queda, cotado a R$6,99.
A explicação para o recuo desses setores é a situação político-econômica atual. Com a diminuição da Selic, o consumo em geral pode ser impulsionado. Com mais consumidores ativos, mais vendas acontecem, com melhores resultados, as ações dessas empresas valorizam e tendem a distribuir mais dividendos. Com a taxa de juros em patamares altos, a tendência é observar a atividade econômica em geral arrefecendo, consequentemente os resultados das empresas.
Em caso de uma queda na taxa Selic, a redução do custo do crédito para as empresas facilitaria investimentos, como a expansão de operações, instalações ou outros projetos que permitam o crescimento das empresas.
Mas há o risco de irresponsabilidade fiscal atrelado a possível redução dos juros no Brasil, o endividamento, e a insegurança fiscal. Para Paulo, uma redução no cenário atual pode surtir um efeito negativo: “Essa redução da Selic precisa estar alinhada com uma redução da inflação de fato, ela precisa ser estruturalmente possível, caso contrário, o Brasil experimentará aumento de preços, disparada do dólar e falta de previsibilidade na economia”, finaliza o CEO.
Sobre iHUB Investimentos
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