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Convite para lançamento do livro “Indayal, uma vila em Blumenau:

Quando começa a história de Indaial? Esta é uma pergunta, por assim dizer, irrequieta. Para algumas pessoas, ela tem uma resposta simples: 1934, quando é criado o município e dotado de sua emancipação política de Blumenau. 1848, quando Hermann Blumenau descreveu a paisagem da confluência entre a foz do Rio Benedito e Itajaí-Açu. 1856, quando a região da foz do Ribeirão Encano começou a ser habitada. 1863, quando os lotes até a foz do Rio Benedito foram demarcados por Emil Odebrecht e começaram a ser ocupados. 1889, quando foi criado o distrito de Indaial. 1893, quando o distrito foi elevado à categoria de vila e transformado em município até retornar à condição anterior de distrito em 1894 ao fim da Revolução Federalista. Ou até milhares de anos antes, quando a área era ocupada por etnias autóctones, como as do povo Laklãnõ/Xokleng.

Não importa a data escolhida para olhar para trás. Antes é preciso entender que uma cidade não nasce em um momento único, antes vai nascendo a partir do encontro de pessoas dentro de um espaço geográfico que vai sendo modificado, transformado, formado. Esta história de Indaial, se assim puder ser chamada, não pretende ser uma obra de erudição, nem ser original na interpretação da sociedade indaialense, nem sequer revelar fatos ainda desconhecidos dos pesquisadores de nossa história. Sua singela pretensão é de popularizar o que talvez possa ser chamado de gênese e desenvolvimento da sociedade que se constituiu o município de Indaial.

Antes de iniciarmos, é necessário que façamos algumas observações. Como lembra Márcia Neuert (2012), em relação à Indaial: “a história do município é recente, mas ao mesmo tempo é carente de registros e até mesmo carente de pesquisas”. Compartilhamos ainda com essa autora, o que pode parecer a uma corrente de historiadores uma preocupação exagerada com datas; entretanto, ambos precisávamos desse subsídio do tempo para investigar, confrontar as informações, as memórias e os fatos. Como ela já advertia: “Deve-se andar com muito cuidado sobre cada linha do tempo, cada memória individual e coletiva, bem como para toda e qualquer fonte primária encontrada pelo caminho” na busca por cada vestígio. Cremos também, como afirma José Carlos Reis (2019), que todo trabalho de história é uma organização temporal: cortes, ritmos, periodizações, interrupções, sequências, surpresas, imbricações, entrelaçamentos e, portanto, é preciso deixar claro que ao escrever esta história, temos em mente, enfim, o leitor não familiarizado com a História Indaialense (e, provavelmente, também não com a História de Santa Catarina). Desejamos apenas lançar um outro olhar, um novo ângulo, novas perspectivas, gerar novas dúvidas, buscar outras respostas e – principalmente – levar a descoberta de novos documentos.

Por isso, embora o tema central seja Indaial e sua história a partir da Colônia Blumenau, os capítulos iniciais tratam dos Laklãnõ/Xokléng – os primitivos habitantes de nosso atual território indaialense – e da chegada e/ou da passagem dos primeiros europeus por Santa Catarina. Inserir Indaial num contexto espacial e temporal um pouco mais amplo nos pareceu ser útil para a compreensão da história de Indaial propriamente dita.

Obviamente, não tivemos nenhuma pretensão de originalidade no que tange à história de Santa Catarina ou à história e cultura Laklãnõ/Xokleng; nos utilizando das fontes bibliográficas existentes, e que constam no final do livro.
No que se refere especificamente à história de Indaial nos utilizamos de fontes primárias, mas também de pesquisas e publicações daqueles que nos antecederam. Talvez melhor do que História fosse mais apropriado referirmo-nos ao conteúdo desta modesta obra como sendo uma crônica comentada de Indaial.

Insistimos em reafirmar o escopo deste livro como sendo o de dar a conhecer ao maior número de pessoas possível, sobretudo aos jovens, alguma coisa do modo como se construiu e se constituiu Indaial – ou seja, nossa sociedade e cultura – ao longo de sua existência. Ao mesmo tempo, pretende ser um convite ao debate e consequentemente ao enriquecimento de nossa história (ou de nossas histórias).
Por fim, devemos dizer que estamos entre aqueles que acreditam que as sociedades, as comunidades, se constituem das pessoas que vivem, das que já viveram, e das que ainda viverão em um determinado espaço geográfico que as moldará, as transformará e será transformada por elas. A natureza e a cultura na qual vivemos, recebemos de nossos antepassados; aos que ainda vão nascer legaremos outra natureza e outra cultura, que contêm, porém, de algum modo também o legado daqueles que já morreram. Se for verdade que a história é sempre história do presente, porque as perguntas que fazemos ao passado estão condicionadas pelo contexto atual de quem interroga, o presente, por outro lado, possui a forma e o conteúdo que o passado lhe deu.
Se assim for, não é sem importância a tentativa de nos aproximarmos dos antepassados, talvez seja mesmo necessário nos encontrarmos com eles, para nos completarmos, para tomarmos consciência de nossa responsabilidade, enquanto agentes da construção da vida contemporânea, em relação à herança que deixaremos para os que ainda vão nascer. No final das contas, foi por isso que registramos essa modesta contribuição à História.

QUANDO: dia 5 de abril
HORÁRIO: 19:30 horas
ONDE:Fundação Indaialense de Cultura

Werner Neuert e Marco Antônio Struve