Mesmo com boa infraestrutura, desempenho em Português e Matemática é considerado baixo em todas as etapas da educação básica.
Santa Catarina tem uma das melhores estruturas escolares do país, mas ainda enfrenta desafios quando o assunto é aprendizado. Segundo um levantamento da ONG Todos Pela Educação, a maioria dos estudantes catarinenses não alcança níveis adequados de conhecimento em Português e Matemática.
O estudo mostra que, a cada 100 alunos, 93 concluem os anos iniciais do ensino fundamental até os 12 anos, mas apenas 52,3% atingem a aprendizagem considerada adequada nas duas disciplinas. Nos anos finais, o número cai para 22,9%, e, no ensino médio, apenas 9,2% dos jovens chegam ao nível esperado.
Para quem vive o dia a dia da escola, as dificuldades são conhecidas:
— A Matemática é um pouquinho mais difícil, dependendo da matéria que a gente está aprendendo no momento — contou Maria Alice Brasil, estudante do sétimo ano, em entrevista à NSC TV.
O professor Tiago Vianna confirma que a disciplina de Matemática costuma gerar mais resistência entre os alunos.
— A Matemática é tradicionalmente uma disciplina que tem um numero maior de alunos com dificuldade. Se a gente acompanha as notas normalmente a Matemática acaba dando um pouquinho mais de trabalho pra todo mundo — disse.
Já para a professora Ivana Werlich, o problema também passa pela base da leitura.
— Interpretação textual é primordial. A pessoa que entende o que lê consegue entender todo o contexto em que ela vive. A interpretação textual é o uso correto da gramática — afirma.
De acordo com Natália Fregonesi, coordenadora de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, os resultados de Santa Catarina destoam do potencial econômico do Estado.
— Pelo fato de Santa Catarina ser um dos Estados mais ricos do país, então poderia se esperar que tivesse resultados superiores, uma situação um pouco melhor, e não é o que acontece. É preciso fazer um diagnóstico robusto da rede e entender quais políticas não estão funcionando, que políticas precisam ser implementadas, ser melhor formuladas — pontua.
A Secretaria de Educação de Santa Catarina afirma que vem adotando medidas para fortalecer o aprendizado. A secretária adjunta Kênia Scarduelli explica que foram aplicados simulados nas escolas para identificar os principais pontos de dificuldade.
— A gente precisava ter esse diagnóstico e ver como que a gente ia agir diante das dificuldades dos nossos alunos. Então, foram feitas as ações. A gente tem trabalhado constantemente no fortalecimento de aprendizagem, onde a gente tem trabalhado com um programa de leitura e escrita através de pedagogos para os nossos alunos — diz.
Segundo ela, o estado também prepara uma escola de formação de professores, com o objetivo de capacitar educadores que atuarão como multiplicadores dentro da rede.
Destaque em infraestrutura
Mesmo com o desempenho baixo, o levantamento aponta que Santa Catarina se destaca em infraestrutura: o Estado apresenta índices acima da média nacional em cobertura de laboratórios de informática e quadras esportivas. O acesso a laboratórios de ciências, no entanto, ainda é limitado.
De acordo com Kênia, novos investimentos estão em andamento.
— Estamos fazendo toda a revisão da rede elétrica das nossas escolas. Em fevereiro, todas as nossas escolas estarão climatizadas. Nossos alunos também vão receber uniformes escolares e material escolar, isso tudo para qualificar cada vez mais a educação de Santa Catarina — afirma.
Apesar dos avanços estruturais, o Todos Pela Educação destaca que infraestrutura, sozinha, não garante aprendizagem.
— No ensino médio, por exemplo, muitas redes têm investido no tempo integral e isso tem mostrado bons resultados tanto pra permanência quanto para o aprendizado dos estudantes e SC é um dos Estados com percentual mais baixo de matrículas no ensino médio integral — explicou Fregonesi.
— Mais do que garantir uma boa infraestrutura, é preciso que a rede tenha, por exemplo, políticas pedagógicas muito bem estruturadas, que tenham material didático de qualidade, que garanta uma formação continuada para os professores, que seja associada ao currículo da rede, que tenha avaliações e que essas decisões sejam tomadas com base nessas avaliações, com base em dados completos — complementa a coordenadora.
