Por Fabio Steren
Discutir sobre a saúde mental no ambiente de trabalho vem sendo um tema cada vez mais recorrente – não por ser uma tendência de mercado, mas sim por sua importância em garantir a satisfação dos profissionais e, consequentemente, alavancar o crescimento da empresa em seu segmento. Muitas doenças decorrentes de espaços estressantes e pela sobrecarga no dia a dia estão se tornando mais frequentes, o que acende o alerta para tratarmos deste assunto com maior atenção e, assim, evitar graves danos que possam comprometer o psicológico dos colaboradores.
Segundo uma definição da própria OMS, a saúde mental no trabalho é caracterizada pelo estado de bem-estar dos profissionais – não apenas emocionalmente, como também psicologicamente e socialmente. Mesmo diante das situações desafiadoras que todos enfrentamos em nosso cotidiano nas empresas, uma boa saúde mental ajuda a lidar com esses momentos da melhor forma possível.
De acordo com dados divulgados pelo Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS, cerca de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e ansiedade – afastamentos que custam à economia global quase um trilhão de dólares. Apenas no Brasil, enquanto estes sintomas eram fator de preocupação para apenas 18% dos profissionais, segundo informações do Global Health Service Monitor, em 2022 essa quantia cresceu para 49%, levando ao que a própria Comissão Nacional de Enfermagem em Saúde Mental (Cofen) denomina como a segunda pandemia que a sociedade enfrenta.
Seja por fatores profissionais como a alta demanda, falta de horário para trabalhar e excesso de cobranças para entregar resultados, ou questões pessoais que estejam afligindo o psicológico, a insatisfação gerada em qualquer uma dessas áreas é, inevitavelmente, transferida para a outra, desencadeando problemas preocupantes em todas as esferas da vida de cada um. O efeito cascata deste cenário quando não tratado e prevenido, é severo – levando cada vez mais pessoas a se demitirem por estarem insatisfeitas e podendo gerar muitas outras consequências graves para a vida de todos.
Mesmo ainda sendo um tema relativamente novo, não há como dissociar a importância em prezar pela saúde mental dos profissionais para seu próprio bem-estar e, consequentemente, para que se sinta mais feliz e produtivo em suas tarefas. Uma mudança essencial como essa precisa ser muito bem conduzida – o que vem fazendo com que muitas companhias invistam em um líder genuinamente engajado com esta causa para comandar a diretoria de felicidade do negócio.
Com um olhar estratégico e humanizado, é papel deste profissional olhar de forma abrangente para a vida de cada membro da empresa, compreendendo quem eles realmente são e o que gostam para, a partir disso, pensar nas ações que podem ser adotadas internamente para fazê-los que se sintam mais felizes e confortáveis no ambiente de trabalho. Trazer alguém com essa responsabilidade é uma excelente forma de mostrar que a companhia não possui apenas um discurso atraente, mas que se preocupa em como levá-lo à prática para todos e de forma igualitária.
Mais do que nunca, o mercado precisa de uma mudança intensa que saia da cobrança constante por resultados, e entenda a capacidade de produtividade individual e como adequá-la às demandas de serviços. Cada pessoa tem uma forma diferente de encontrar prazer dentro da sua realidade – mas, quando satisfeitas com este ambiente, certamente tenderão a entregar mais resultados e com maior qualidade.
As empresas precisam se ajustar aos times e aos perfis de cada um. Os profissionais devem se sentir acolhidos, livres para poderem falar o que querem e ser quem são. Quanto mais verdadeiros forem e quanto mais se abrirem, as relações de trabalho serão fortemente beneficiadas em prol de conquistas cada vez maiores para o crescimento do negócio.
Fábio Steren é sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.
Sobre a Wide:
Com mais de 30 anos somados de recrutamento especializado e mais de 20 mil entrevistas realizadas, o propósito da Wide, empresa de recrutamento e seleção de alta gerência, é construir legados, seja o das empresas contratantes, o dos candidatos e o seu próprio.