“Não é novidade para ninguém que o consumo de alimentos saudáveis traz inúmeros benefícios para a saúde do ser humano. E se eu te disser que os nossos pensamentos afetam nossa saúde? Assim como o que comemos ajuda a nos manter saudáveis ou não, o que enxergamos nos faz melhores ou piores, o que tocamos nos agrada ou desagrada, o que cheiramos nos traz bem-estar ou mal-estar, o que ouvimos nos acalma ou atormenta e o que pensamos pode nos fazer bem ou mal”. As colocações são da nutricionista Karoline Traebert Mathiuz (CRN10-4151).
Segundo a profissional “devido aos recentes impactos na vida das pessoas, a saúde mental, tão importante quanto a saúde física, se tornou um tema muito discutido. O cenário de incertezas e o isolamento social cooperaram para o Brasil ser o país que mais tem casos de ansiedade (63%) e depressão (59%) no mundo, segundo pesquisa realizada entre 2020 e 2021, pela Universidade de São Paulo (USP), em onze países. O país fica à frente de lugares como Irlanda, que registrou 61% de pessoas com ansiedade e 57% com depressão, e Estados Unidos, com 60% e 55%, respectivamente”.
Karoline afirma que “não podemos pensar em saúde mental de forma separada da física, pois o estresse e a ansiedade influenciam no humor e no apetite. É por isso que muitas pessoas procuram no alimento a compensação e o “alívio” para o que estão sentindo, enquanto outras param de comer. Ambas as situações são prejudiciais à nossa saúde. Chamamos isso de fome emocional”.
A profissional observa que “principalmente devido às restrições que a pandemia trouxe, muitas pessoas não realizaram exercícios físicos, deixarem de lado momentos de lazer e aumentarem o consumo de comida industrializada, rica em açúcares, gorduras, sódio e aditivos alimentares contribuem para o surgimento de processos inflamatórios em nosso organismo. Esses e outros fatores podem contribuir no desenvolvimento da depressão e ansiedade em adultos, jovens, idosos e até em crianças”.
Deficiências nutricionais
De acordo com Karoline “algumas deficiências nutricionais podem comprometer o organismo e gerar sintomas bem desconfortáveis. A falta de vitamina B12 está ligada à fadiga, incapacidade e até à psicose, enquanto baixos níveis de vitamina B3 estão relacionados com os quadros de demência, e pouca vitamina B9, conhecida como ácido fólico pode predispor a malformações neurais em fetos e depressão em adultos. Vale ressaltar, que muitas vezes são necessários suplementar ativos capazes de reverter os sintomas de forma mais eficaz. Além do complexo B, a vitamina D e o ômega-3, em especial o ácido eicosapentaenóico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA), são elementos fundamentais para a saúde do sistema nervoso central combatendo a ansiedade, por exemplo”.
A profissional ressalta que “um dos benefícios aliados a esses nutrientes é a regulação dos neurotransmissores dopamina e serotonina, responsáveis por trazer sensação de calma e relaxamento. Uma dieta rica nesses nutrientes favorece ainda mais a melhora. Experimente consumir com mais frequência peixes como salmão, atum, sardinha e arenque na alimentação por duas vezes ou mais na semana. É importante procurar ajuda. Ter uma alimentação saudável e praticar exercício físico podem auxiliar na regressão dos sintomas, além disso, técnicas de respiração e terapias complementares podem facilitar a melhora”.
A profissional salienta que “nos últimos tempos, podemos verificar um aumento da incidência de alguns transtornos alimentares. As causas para esse danoso panorama são, logicamente, multifatoriais, mas podemos elencar alguns motivos importantes, como o aumento na ingestão de alimentos industrializados, sedentarismo e outros hábitos ruins.
O fato de ficarmos mais dentro de casa, também pode favorecer o consumo de doces, prejudicando o funcionamento do corpo e da mente. Uma ótima saída para quem não abre mão do docinho é optar por escolhas mais favoráveis ao nosso corpo. Um alimento que pode auxiliar é o chocolate, porém na versão de 70% cacau ou mais. O cacau contém flavonóides que atuam como antioxidantes, que podem aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro. Experimente consumir o cacau 100% adicionando em frutas, bolos, panquecas”.
Dicas
Para manter a saúde mental em dia, segue uma lista de nutrientes importantes e que devem ser consumidos com frequência:
- Triptofano: encontrado em alimentos como banana, aveia, chocolate 70% cacau ou mais, sementes (chia, linhaça e girassol), oleaginosas, leite e ovos.
- Ômega-3: pode ser encontrado em peixes como salmão, sardinha ou atum, sementes de chia e linhaça e oleaginosas como castanha e amendoim.
- Cálcio: presente nos vegetais verde-escuro, no leite e derivados (preferência por opções magras).
- Magnésio: presente em castanhas, amêndoas, sementes de abóbora, arroz integral, gérmen de trigo, aveia, abacate e banana.
- Vitaminas do complexo B: folhas verde-escura como couve manteiga, espinafre e chicória, no leite e seus derivados, peixes, ovos, brócolis, feijões, amêndoa.
- Vitamina C: presente na acerola, goiaba, abacaxi, laranja, limão, tangerina.
- Fibras: presentes nas frutas, vegetais e sementes como chia, linhaça e gergelim.
A nutricionista frisa que “sempre é importante ter uma alimentação variada diariamente. Lembre -se de que tudo que você faz constantemente é que vai atuar efetivamente no seu corpo e mente. Desta forma, se alimente bem todos os dias, dê preferência para os alimentos frescos e faça exercício, movimentar seu corpo é essencial para sua saúde. Resumindo, temos que fazer aquilo que todos já sabem, reduzir o consumo de comida pronta e preferir alimentos naturais. A qualidade daquilo que colocamos no nosso prato contribui e muito para um prognóstico melhor. Mas tudo isso deve ser feito com parcimônia e análise individualizada, pois cada pessoa é única e deve ser analisada”.
CRÉDITO: Clarice Graupe Daronco/JMV